Niterói é destino do Estudo do Meio das turmas da 2ª Série do Ensino Médio do CAUCP
12 de novembro de 2025
Os estudantes da 2ª Série do Ensino Médio do CAUCP tiveram, nesta terça-feira (11.11), uma verdadeira aula interdisciplinar passando por História, Geografia e Literatura. Eles visitaram a cidade de Niterói, no RJ, e conheceram importantes locais, como o Caminho Niemeyer, que reúne construções projetadas pelo renomado arquiteto Oscar Niemeyer, e a Fortaleza de Santa Cruz, onde puderam relacionar os conteúdos ensinados em sala e enriquecer o conhecimento com uma aula especial in loco. A atividade faz parte do projeto Estudo do Meio, que proporciona aos alunos a ampliação do aprendizado de forma lúdica e dinâmica.
“Nossa atividade de hoje foi um mergulho acadêmico de muitas camadas. Em termos culturais, é inegável a importância de Niterói, nosso foco nesse Estudo do Meio, tanto para a Historiografia quanto para a Literatura. A cidade foi inspiração para obras de diversos escritores, como João do Rio, Vinícius de Moraes, Bia Bedran e Marcos Nasser. Falando especificamente da Literatura, o primeiro ponto de nossa visita foi conhecer o Caminho Niemeyer, onde tivemos a oportunidade de ver o “Teatro do Povo” desde a perspectiva dos artistas: do camarim ao palco”, conta o professor Veber Gusmão.
Ele falou aos alunos da importante relação de Niemeyer com a Literatura, destacando que a cidade de Niterói é a que mais abriga projetos arquitetônicos do carioca.
“Mas, o que um artista da Arquitetura, como Oscar Niemeyer – considerado um dos dois maiores arquitetos do mundo, juntamente com o arquiteto suíço-francês Charles-Édouard Jeanneret, o alcunhado “Le Corbusier” – tem a ver com a Literatura, e em especial o Teatro? Projetar prédios que visem as camadas populares é uma constante na obra de Niemeyer: bibliotecas, teatros, museus, o Sambódromo. E Niemeyer foi um intelectual que não se restringiu à Arquitetura”, conta Veber sobre a relação do arquiteto com a arte por meio da amizade com o jornalista e escritor carioca Paulo Francis e do também escritor e acadêmico niteroiense Antônio Callado.
“Juntos, os três puseram em cena a mais famosa obra teatral de Callado: Pedro Mico, um sucesso de público, mais tarde transformado em filme protagonizado por Pelé. Falando sobre Callado, o escritor viveu a maior parte de sua vida em Petrópolis, mas é um importante nome de Niterói. Durante nosso trajeto, visualizamos o Espaço Cultural Antônio Callado, feito em homenagem a esse escritor”, destaca.
Sob a ótica da Geografia, o professor Carlos Eduardo Brandão, o Cadu, também listou essa relação de Niemeyer com o foco do Estudo do Meio.
“Foi importante para a matéria de Geografia para a observação das obras de Oscar Niemeyer e a integração dessas obras com a cidade de Niterói, que é o maior IDH do estado do Rio de Janeiro. Vem, ao longo dos anos, passando por um processo de urbanização bem avançado. É uma cidade com a qualidade de vida muito alta. Por anos, foi a quarta melhor cidade do Brasil em qualidade de vida. Hoje, está entre as dez. E os alunos observaram obras como o Teatro Popular, o Caminho Niemeyer, a construção da Basílica, na região central da cidade”, explicou.
Estudantes conhecem sítio militar mais antigo das Américas
O ponto alto do Estudo do Meio da 2ª Série do Médio foi a visita à Fortaleza de Santa Cruz, localizada no bairro Jurujuba, o sítio militar mais antigo das Américas. Todo o trajeto foi guiado pelo soldado Gomes, que explicou a importância estratégica do equipamento na Baía de Guanabara na defesa do território colonial português contra invasores estrangeiros.
“Ao conhecer de perto esse importante patrimônio histórico, os estudantes puderam vivenciar a História de forma concreta, caminhando por espaços que testemunharam séculos de acontecimentos marcantes do Brasil. A experiência permitiu aos alunos perceber como um mesmo lugar pode concentrar diferentes significados ao longo do tempo: símbolo de proteção, mas também de controle e poder. Fora da sala de aula, a visita fortaleceu o aprendizado sobre patrimônio histórico, memória e cidadania, estimulando a reflexão sobre a importância de preservar a História e compreender suas múltiplas faces”, destaca o professor de História, Marcus Vinícius de Souza.
“Ao longo do tempo, foi cenário de momentos decisivos da história nacional, abrigando soldados, prisioneiros políticos e figuras históricas — entre elas o escritor Euclides da Cunha, autor de Os Sertões, que chegou a ser preso ali. Durante a Ditadura Militar, a Fortaleza também foi utilizada como local de detenção, mostrando como o mesmo espaço serviu tanto à defesa do país quanto à repressão política”, reflete.
O professor Veber relembra que a construção data da época em que se desenvolvia o Barroco no Brasil, quando surgiu a Literatura Brasileira propriamente dita.
“Visitar a fortaleza foi uma viagem no tempo. Foi incrível perceber que, em um cenário que sofreu poucas alterações, estávamos em uma construção que atravessou diversos períodos literários, tendo sido importante para a manutenção do sistema econômico da época, já que defendia o embarque de ouro e pedras preciosas que iam para Portugal, um dos motivos para o surgimento da Inconfidência Mineira, movimento intimamente ligado ao período literário do Arcadismo no Brasil”, conta.
Cadu também ressalta a relevância da visita ao forte sob a perspectiva da Geografia.
“Os alunos puderam ver uma integração da urbanização da cidade com estruturas do meio ambiente, como rochas, estruturas do relevo, a própria movimentação do oceano e também até o tráfego de navios ali da saída da Baía de Guanabara. Isso contribuiu no conteúdo de logística e transportes que eles tiveram agora no quarto bimestre. Essa atividade também deu oportunidade para os alunos entenderem uma dinâmica diferente de uma cidade média, como no caso Niterói, que é muito próxima à capital, em relação à cidade de Petrópolis, que é a cidade que eles convivem nas atividades diárias deles, que é uma cidade do interior”, pontua.
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